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‘Prioridade é pagar o servidor e manter serviços públicos em dia’, diz secretário estadual de Fazenda

O secretário estadual de Fazenda do Rio, Guilherme Mercês, assumiu a pasta no fim de maio em meio à crise política do envolvendo o governador Wilson Witzel — que enfrenta um processo de impeachment na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Aceitou também os desafios de ajustar as finanças públicas diante da crise econômica por causa da queda de arrecadação, provocada pela pandemia do coronavírus, já que o isolamento social se fez necessário para diminuir as taxas de contágio da Covid-19.

Recentemente, o Estado do Rio teve um respiro, porque Conselho que monitora o cumprimento das regras do Regime de Recuperação Fiscal aceitou as compensações apresentadas pelo estado em relação a 25 descumprimentos do acordo, o que gerou uma “sobra” de R$ 15,6 milhões. Houve também a negociação bem-sucedida com os credores dos contratos de antecipação dos royalties e participações especiais do petróleo, da “Operação Delaware”, realizada há seis anos, nos Estados Unidos (operação em que títulos do Rioprevidência foram vendidos a investidores estrangeiros para recebimento de royalties futuros, como forma de antecipar recursos ao Rio). Com o acordo, o governo do estado vai deixar de pagar R$ 2,1 bilhões em 2020 e receberá R$ 771 milhões que ficaram retidos dessas receitas.

Em entrevista ao EXTRA, Mercês assumiu uma postura mais moderada e disse que vai detalhar, ainda em julho, um plano de medidas de contenção de despesas e arrecadação de receitas, já que o governo do estado ainda não consegue garantir o pagamento de seus compromissos até o fim do ano, o que inclui a folha do funcionalismo.

Como está a negociação para a renovação do Regime de Recuperação Fiscal, que vence em setembro? A crise política entre o governador Wilson Witzel e o presidente Jair Bolsonaro pode atrapalhar?

A renovação é uma questão jurídica prevista na Lei Complementar 159/2017 (do Regime de Recuperação Fiscal), que prevê por mais três anos o Regime, havendo a necessidade e estando com todas as medidas cumpridas, que é o caso do Rio de Janeiro. Esse é um dos temas que a gente vem conversando com o Conselho Fiscal. É uma medida que depende do ato do Executivo, do Ministério da Economia.

Com mais de dez mil cargos congelados para compensar financeiramente os apontamentos feitos pelo Conselho Fiscal, como fica a qualidade do funcionamento da administração pública estadual, sem a reposição desses profissionais? Isso não engessa a máquina pública?

Os cargos não foram extintos, foram bloqueados, justamente para, caso haja a necessidade da prestação dos serviços públicos, o gestor público possa fazer isso, obviamente obedecendo às regras impostas pelo Regime. O serviço público do Rio de Janeiro já estava operando sem esses cargos. O que o Conselho pede é uma formalização, e o decreto formalizou a não ocupação desses cargos. Eu não estou tirando um prestador de serviço da linha de frente.

Quais são as novas projeções para a arrecadação do estado. Diversos segmentos voltaram a funcionar, já é possível prever como vai ser o próximo mês?

O processo de reabertura, mesmo que gradual, mostrou um resultado melhor do que o esperado. Isso é um aspecto positivo. Para 2020, o déficit projetado com a pandemia era de R$ 10 bilhões da receita. Já conseguimos R$ 4 bilhões em receitas, contando com os R$ 2,5 bilhões da União. Faltam R$ 6 bilhões. Pretendo apresentar um pacote de medidas, tanto de redução de despesas, quanto de captação de receitas, ainda no mês de julho.

O governo continua com a mesma previsão de pagamento até a folha de agosto do funcionalismo, mesmo com a retomada do comércio? Já é possível garantir o pagamento da folha até o fim do ano, incluindo o 13º salário?

Continuamos com a mesma previsão da folha de agosto e trabalhamos para conseguir os recursos restantes.

O servidor tem ainda um trauma muito forte de 2016, quando os salários atrasaram e foram pagos parcelados. Na falta de dinheiro, entre pagar fornecedores e funcionalismo, qual será o critério?

Nossa prioridade zero um é pagar o servidor, mas evidentemente que temos uma prioridade muito grande em manter os serviços públicos essenciais. Então, é um binômio fundamental para a Secretaria de Fazenda: pagar os salários e garantir os serviços públicos essenciais à população. Até porque não adianta ter os salários em dia, e o médico não ter os insumos necessários para atender à população, a polícia não ter os insumos necessários para prestar a segurança pública.

O Regime de Recuperação Fiscal foi um grande teste no qual o Rio de Janeiro foi a cobaia? O senhor até já disse isso em entrevista.

É verdade. A lei do socorro aos estados e municípios, por exemplo, já oferece benefícios melhores do que o regime que o estado aderiu. O Rio de Janeiro é o filho bastardo do pacto federativo, porque tem menos benefícios do que os outros estados e é o único estado que precisa apresentar obrigação no meio da pandemia, enquanto os outros estados estão com os mesmos benefícios de não pagar juros e amortização da dívida (com a União). Então, é um desequilíbrio do pacto federativo, uma falta de isonomia.

FONTE: Extra.globo.com

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